sexta-feira, 30 de novembro de 2012

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Universidade do Minho faz 100 anos.. de cão?

Pois isto é estranho. Na página da Universidade do Minho, em http://www.uminho.pt/uminho, é dito que, e passo a citar:
A Universidade do Minho está actualmente entre as mais prestigiadas instituições de ensino superior do país, tendo também vindo a afirmar-se progressivamente  no panorama internacional.

Fundada em 1973, conta com dois grandes pólos. O campus de Gualtar, em Braga, e o campus de Azurém, em Guimarães.
No jornal a Bola, numa notícia de há 4 dias, temos o título: Cem anos de enfermagem celebrados na Universidade do Minho. E no corpo da mensagem é salientado isso mesmo:

A Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho, completou, esta segunda-feira, cem anos de existência. O centenário foi comemorado numa cerimónia realizada no salão medieval da reitoria.
Só existem duas formas de isto poder ser verdade. Ou a contagem da Bola foi feita em anos de cão, que como sabem são mais curtos do que os anos dos seres humanos, ou então a dita escola superior de enfermagem já existia antes da Universidade do Minho, caso em que a notícia deveria salientar esse facto.

Fui tentar investigar, e na página do respectivo evento nada é dito em relação a isto. Mas na página da ESE, existe um texto dedicado à História, que passo a citar:
Foi criada, em 1912, sob a dependência da Santa Casa da Misericórdia de Braga, denominava-se Escola de Enfermagem do Hospital de São Marcos. Em Maio de 1948 foi aprovado o seu primeiro regulamento, passando a denominar-se Escola de Enfermagem Dr. Henrique Teles. Em 29 de Outubro de 1961 foi inaugurada a nova Escola, tendo sido o financiamento de construção e equipamento oferecido pela Fundação Calouste Gulbenkian, passando por isso a denominar-se Escola de Enfermagem de Calouste Gulbenkian. Foi oficializada, em 16 de Novembro de 1977, passando a constituir um estabelecimento oficial dotado de autonomia técnica e administrativa.
[...]
No ano letivo de 1999/2000, pela Portaria n º 799-D/99, de 18 de Setembro, a Escola iniciou o Curso de Licenciatura em Enfermagem e em Julho de 2004, com a publicação do Decreto-Lei n.º 175/2004, a Escola Superior de Enfermagem foi integrada na Universidade do Minho.

Ou seja, a ESE faz 12 anos sob a alçada da Universidade do Minho. Será que 12% da vida é suficiente para que se dê o ênfase à UM sem esclarecimentos sobre a história da dita?

Eu sou formado na UM, e gosto muito da UM. Mas mete-me nervos que se ponham os louros onde eles não devem estar...

sábado, 20 de outubro de 2012

Os Trabalhos de Hércules - Agatha Christie

Gosto de ir variando os autores e tipos de livros que vou lendo. E depois de "O Executor" de Lars Kepler, e do "Cemitério de Praga" de Umberto Eco, decidi-me por um policial leve de Agatha Christie, com o famoso Belga, Mr. Poirot.

Este livro não é mais que um apanhado de doze histórias, que são paralelizadas com os doze trabalhos que Hércules, na mitologia, teve de realizar. Para quem ainda não tenha reparado, recordo que o primeiro nome de Poirot é Hercule. 

Sobre este livro, gostava de saber se Christie teve primeiro a ideia de fazer este paralelismo, e depois foi inventando histórias que se encaixassem minimamente com os trabalhos mitológicos, ou se por outro lado, tinha um conjunto de pequenas histórias pensadas e mais ou menos preparadas, mas que eram demasiado pequenas para publicação, e portanto fora necessário arranjar um chapéu sob o qual colocar todas estas histórias de modo a ganharem tamanho para uma publicação. É que algumas das relações das histórias com o trabalho de Hércules é muito leve ou praticamente inexistente. Em todo o caso, suponho que esta dúvida poderá ser respondida apenas pela Christie, pelo que o mais certo é eu continuar indefinidamente com esta curiosidade.

Há algo que me enerva profundamente nos livros de Poirot: tipicamente a história é descrita, e o leitor tenta, aos poucos, descobrir por si mesmo qual o assassino ou o ladrão. Mas no fim, Poirot apresenta as suas conclusões usando factos que nunca foram mencionados. Parece-me injusto, e até certo ponto, torna a história menos interessante. Este livro não é diferente, e poucas são as histórias que não terminam com Poirot a despejar factos de uma forma avassaladora, de que nunca tínhamos ouvido falar.

Em todo o caso, estes livros são de fácil leitura, e incluem algumas piadas ou cenas que nos fazem sorrir. Não posso terminar sem contar uma dessas cenas em que Poirot pergunta a Miss Lemon, sua secretária: Se um amigo lhe dissesse para se encontrar consigo no inferno, o que faria?, ao que Miss Lemon responde: Ora, reservava uma mesa.

sábado, 13 de outubro de 2012

Wook e Happy Woman

Gosto bastante de encomendar livros na Wook. O serviço é bastante bom, com entregas rápidas, permitem o pagamento via Multibanco, confirmando rapidamente que o receberam, e têm um conjunto de livros amplo, a preços minimamente competitivos.

No entanto, é típico enviarem com a encomenda uma cópia da revista Happy Woman, de brinde. Em primeiro lugar, é sempre estranho que enviem a revista que é direccionada às senhoras, para um homem. Mas dou de barato que se possam ver as fotografias da revista, e apreciar as modelo. Mas a verdade é que a revista não dá para muito mais, e já para isso é preciso ter alguma paciência com as modelos esqueléticas. Nem sei como uma revista destas consegue ter mercado. Mas adiante, quem quer compra!

O que eu queria sugerir, era que a Wook passasse a colocar uma check box, em que o comprador pudesse escolher entre receber a revista, gratuitamente, ou descontar os 2.5 € que ela custa na encomenda. A sério. Sei que ninguém quereria a revista. Daí que talvez esta sugestão mostrasse que era preferível um maior desconto a uma oferta que agrada a muitos poucos.

sábado, 22 de setembro de 2012

Coca-Cola... Georgiana

Ontem num café/pizzaria à beira da estrada, entre Barcelos e Esposende, serviram-me uma lata de Coca-Cola em lata. Estava eu a almoçar quando ao encher o copo, reparei num pequeno relevo na lata (que até ao momento tinha ignorado... era vermelha e dizia Coca-Cola!) e reparei que tinha um autocolante com os ingredientes em Português, e com informação do importador (uma empresa da Trofa cujo nome não decorei) e informação da origem: Geórgia!

Fiquei estupefacto. Tipicamente as Coca-Cola em Portugal são produzidas pela Refrige. Se uma empresa se dedica a importar latas da Geórgia, é porque o preço compensa, em relação ao praticado pela Refrige. Teoricamente os ingredientes são os mesmos, as latas são iguais, e a receita também. Isto significa que das duas uma: ou os Portugueses têm ordenados altos (o que não me parece!) ou a Refrige tem uma margem de lucro grande. Ou a Geórgia consegue fabricar Coca-Cola quase de borla... sim, porque a distância ainda é razoável (ver mapa acima), e o transporte não deve ser gratuito...

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Cemitério de Praga - Umberto Eco

Esta é a quarta obra que leio de Eco e, ao lê-la, a principal questão que me vinha à ideia era: mas será que este homem não consegue escrever uma história que não meta a religião ao barulho? O primeiro livro, O Nome da Rosa, é provavelmente a obra em que a relação com a religião é menos relevante para a história. Mas em todos os outros a religião (seja ela a católica ou outra qualquer) é parte importante no decorrer da narrativa. Se por alguma razão milagrosa este texto chegar aos olhos do Eco, desafio-o a escrever uma obra sem a mínima referência a uma religião. Sempre quero ver se é capaz...

Mas voltando ao livro, e à sua história: o livro é-nos apresentado de uma forma invulgar. Funciona quase como um diário em que o narrador nos conta as suas aventuras. Interessante também é o facto deste diário, pessoal, ser escrito por duas pessoas com formas de pensar e agir diferentes, mas em que as respectivas vidas se cruzam de uma forma bastante peculiar. E na arte de contar histórias de forma pouco convencional, Eco é exímio - o seu livro mais vulgar talvez seja, mais uma vez, O Nome da Rosa, pelo seu paralelismo com um Sherlock Holmes e Watson. Mas mesmo assim, a sua narrativa é inconfundível.

Também em relação ao conteúdo do livro, começo a perguntar-me se os livros não deveriam sair com uma classificação etária, como acontece com os filmes ou jogos de computador. Eu não sou purista, e acredito que um leitor sem idade suficiente para digerir algumas das cenas deste livro, não teria o ânimo, compreensão, interesse, ou força de vontade para ler todo o livro e chegar à parte menos inocente, que aparece bem para o fim. Não quero dar detalhes, mas devo dizer que a cena a que me refiro não é típica, e mistura dois assuntos que habitualmente dão faísca: religião e sexo, que levam a uma cena herética. Mas mais não digo.

Finalmente, é meu apanágio referir-me à qualidade de escrita e tradução. A esse respeito, os parabéns à Gradiva por manter informação sobre o tradutor bem clara no sua edição. Em relação à tradução, sei que Eco não é simples de traduzir, mas mesmo assim o livro está bem traduzido na generalidade, apenas com alguns erros ortográficos e erros de edição, em que se nota que o tradutor preparava determinada tradução, mas desistiu e decidiu enveredar por outra construção sintáctica.

domingo, 5 de agosto de 2012

Apretar...

Eu poderia fazer muitas piadas com esta imagem, mas grande parte poderia ser considerada racista. Em todo o caso, fica a imagem, e a nota, que é um alarme de um Hotel de quatro estrelas aberto há menos de 2 meses: Inatel Cerveira Hotel.
 

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Cepo-smart Centrado


Pois sim. É certo que sendo um Smart, até se consegue estacionar mais ou menos do lado direito, que os lugares nem são muito apertados. Em todo o caso, este consegue surpreender-me. Mania das grandezas? Mas se assim fosse teria comprado um SUV, não?

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Executor - Lars Kepler

Não costumo começar a escrever sobre um livro sem o terminar de ler, mas estou fulo com a falta de qualidade deste livro da Porto Editora, especialmente por ser uma casa que prezo. Ainda nem as primeiras cem páginas li, e já vi de tudo. Desde chamarem "Jonas" ao personagem principal, que se chama "Joona", falta de artigos, uso de "mação do rosto" em vez de "maçãs", ou ainda "Guitar Heroe", que devia ser "Hero". Estes são apenas alguns exemplos. Será que na era da publicação digital a Porto Editora não aplica um corretor ortográfico à obra? Não apanharia todos, mas alguns teriam sido detectados. E não têm revisores? Se têm, ou o tradutor original escreveu tantos erros que os revisores se cansaram de rever, ou então são todos incompetentes e devem ser despedidos. Há por aí muita gente à procura de emprego que faria melhor serviço.

Tudo isto me deixa fulo, ainda para mais porque agora deram-lhes para não dar créditos ao tradutor. Parece que a obra caiu do céu em português. Não, não concordo com esta anonimização como forma de poupar alguns cobres nos direitos de cópia/autor, que nós, consumidores, pagamos na mesma. Basta ver o preço a que nos vendem os livros, mesmo os e-books. Patético.

Já que comecei a rabujar, deixem-me continuar. Igualmente patético são os autores que, não percebendo nada de um assunto limitam-se a inventar sem consultar alguém da área. A cena em que tentam extrair informação de um disco rígido apagado é completamente despropositada e afastada da realidade. Não que não se consigam recuperar dados. Mas não se recuperam as imagens (ecrã) apresentadas ao utilizador. Pior ainda é a referência ao Windows. Mas adiante.

Ao contrário de em "O Hipnotista", este livro é deveras violento. Partilha personagens e refere outros da obra anterior, mas a história é menos intrincada, menos interessante, mais vulgar e, como já disse, violenta. Chega ao ponto da descrição de algumas cenas que me fazem lembrar os poucos episódios de Dexter que vi.

Há um conjunto de detalhes de cenas policiais aceitáveis, mas que acabam por maçar. Afinal, não trazem qualquer valor acrescentado à história ou mesmo à obra. Chegam a parecer a tentativa desenfreada de dar detalhes para que mais tarde se possa fazer um filme fiel à obra. Alguns destes detalhes referem quais as armas e modelos utilizados que, digo eu, é pouco relevante. Pode-se argumentar que traz veracidade à história, mas depois da história da ignorância (propositada ou não) sobre o que é exequível no mundo da informática, e de outras histórias relacionadas com a identificação de uma obra a ser executada por um quarteto de cordas apenas por uma fotografia, faz com que a veracidade da história, como um todo, caia.

Embora não tão interessante e, arrisco, bem escrito como "O Hipnotista", este "O Executor" é de leitura fácil, por vezes frenética, por vezes maçadora. Mas, como um todo, é uma leitura que recomendo para quem goste de policiais e de todos os detalhes forenses relacionados. E, espero que a Porto Editora prepare nova edição com menos erros ortográficos e sintácticos, para que o leitor se enerve menos do que eu.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Cepo Equilibrado


Digamos, não nos podemos queixar de que o cepo ocupa precisamente dois lugares, ocupando tanto espaço num como noutro...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Educação Física e Obesidade Infantil

É curioso como qualquer argumento é bom para defender os seus próprios propósitos. Ora, vêm agora docentes de universidades de medicina contestar a decisão de remover ou reduzir as aulas de educação física no curriculum das crianças, atacando com obesidade infantil como razão para a sua existência.

Em primeiro lugar, e embora não seja obeso, sou gordo. Tive aulas de educação física. Nunca emagreci por tê-las. Pelo contrário, fui gozado pelos colegas por ser gordo e não conseguir fazer determinadas coisas, e fui desprezado por grande parte dos professores, que se limitavam a por-me de lado e dar-me más notas porque não era bom jogador do que quer que fosse. Não foi apenas um professor, foram vários.

Depois, a obesidade não se combate com o exercício físico. Combate-se com um conjunto de medidas, a começar por ensinar a comer. E, que eu saiba, embora se fale na roda dos alimentos, não é ensinado realmente o que se deve comer. São irrelevantes as 4 horas de educação física semanais se a criança não sabe comer, se os pais não sabem ditar regras e recusar as várias idas ao McDonalds.

Não digo que não faça falta a disciplina. Mas se defendem a inclusão da dita, defendam que ela seja bem leccionada, que as notas não sejam dadas pelo "conseguir fazer" mas pelo empenho, e que as actividades complementares, como a comida nas cantinas, ou os cogumelos de fast food à volta das escolas sejam controladas, e que seja feita educação cívica como deve ser, que inclua uma sensibilização bem feita e insistente em como e o que se deve comer.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Maravilhas da matemática

Uma das coisas brilhantes da matemática é a facilidade de lidar com conjuntos, como os que são apresentados acima, que são conjuntos infinitos. No entanto, lidamos todos os dias com eles sem qualquer problema.

Mas brincar com números e quantidades de infinito é algo giro. E hoje quero fazer ver como a própria matemática pode dar resultados diferentes (ou intuições diferentes) para um mesmo problema: há mais números múltiplos de 2 ou múltiplos de 5?
 
A primeira intuição será dizer que há mais números múltiplos de 2. E se olharem para o conjunto dos números naturais como uma população em que pretendem fazer um estudo estatístico (que é um ramo da matemática), irão extrair uma amostra (considerem os primeiros 10 números naturais), e fazer estatísticas com ele.
 
1  2  3  4  5  6  7  8  9  10
 
Então, temos 5 números múltiplos de 2, e 2 números múltiplos de 5. Ou seja, em princípio se escolherem um número à sorte, terão 50% de probabilidade em obter um número par, mas apenas 20% de probabilidade em obter um número múltiplo de cinco.
 
Mas na prática, na maior parte das situações, considera-se que o número de números pares e de números múltiplos de 5 é o mesmo. E porquê? Porque é possível escrever uma função injectiva que mapeie cada instância de um número par num número múltiplo de 5. Bastaria usar
 
f(x) =  x * 5 / 2,    para x par

e teríamos f(2) = 5, f(4) = 10, f(6) = 15, etc. Ou seja, para cada número par que conseguirem inventar, será possível obter um novo número múltiplo de 5!

Gostaram?

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Um Crime no Expresso Oriente - Agatha Christie

Este não é o primeiro livro que leio da Agatha Christie, nem sequer é o primeiro com Monsieur Hercule Poirot como personagem principal. Mas não há qualquer dúvida que esta é uma das obras mais populares. Não sei se apenas por já se ter feito um filme que o usa como argumento (com certeza que não, já que há uma série devota a Poirot), ou realmente pela forma usada para a escrita, ou mesmo a qualidade da escrita.

Embora o livro se desenlace como qualquer outro romance, está dividido quase de regra e esquadro em capítulos que se podem dizer relatórios policiais, ou depoimentos dos interrogatórios, com cada suspeito do crime.

A história desenrola-se num comboio, o Expresso Oriente, que fica preso na neve e, na mesma altura, se descobre um terrível assassinato. Poirot realiza as entrevistas e vai juntando dois mais dois até descobrir como o assassínio se desenrolou.

A forma como Agatha descreve as entrevistas, e como descreve a carruagem onde o crime se realizou (até é apresentada uma planta), fez-me apetecer (deve ser a minha mente geek a funcionar) escrever um programa Prolog, à espera que a máquina consiga descortinar o que se passou. Infelizmente, não é assim tão simples como naqueles passatempos em que se descrevem X pessoas, definindo relações binárias entre elas, com o objectivo de se adivinhar o nome das ditas pessoas. Neste livro isso não é possível porque há um conjunto de conhecimento contextual e de alguma análise psicológica realizada por Poirot, que não seriam fáceis de codificar.

Em relação à trama propriamente dita, é normal que o leitor consiga vislumbrar o que se vai passar, e como se desenrolaram os acontecimentos até certo ponto. Mas garanto que de qualquer modo sairá sempre surpreendido da leitura deste livro. Um policial como só Agatha Christie sabe escrever.

domingo, 6 de maio de 2012

Mais um brilhante estacionamento


Estava eu a preparar-me para fotografar este brilhante estacionamento, quando surgiram os donos. Porque não, aproveita-se e fotografa-se o responsável pelo estacionamento também. Sabem como é, este modelo da Mercedes tem portas normais, e não portas em asa, ou lá como se chamam aquelas portas que abrem na vertical, e portanto precisam de espaço extra para poder entrar...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Heat Wave - Richard Castle

Primeiro, as apresentações. Richard Castle é o nome de um personagem de uma série da cadeia televisiva abc, de nome Castle, que actualmente está a terminar a quarta temporada. A série é sobre um escritor, Richard Castle, que usando uma cunha, consegue fazer parte de uma equipa de detectives de homicídio, de modo não só a inspirar-se para os seus livros mas também para aprender como estes profissionais trabalham, de modo a tornar os seus livros mais realistas. A série é bastante boa, e recomendo.

Voltando ao livro, Heat Wave é o primeiro livro que Richard Castle escreve depois de se juntar à equipa liderada por Kate Beckett, que foi tornado real como golpe de marketing. É evidente que o livro não foi escrito pelo Castle, já que é apenas um personagem. Mas também é claro (parece-me) que não foi escrito pelo actor que toma o papel de Castle. Foi escrito, com certeza, por um qualquer escritor que aceitou prescindir do seu nome. O livro é uma cópia fiel ao que seria o livro realmente editado na série televisiva, não fossem dois ou três detalhes que referem a dita cadeia televisiva e a própria série. Até a fotografia de Richard Castle foi colocada na contracapa. Embora assinar como Castle possa ser visto como o uso de um pseudónimo, já é mais estranho que esse dito pseudónimo tenha uma cara concreta, de outra pessoa. Mas adiante, estes são detalhes que não são relevantes ao conteúdo do livro.

Já relevante ao conteúdo do livro é a qualidade (ou falta dela) do escritor contratado. É certo que se trata de um escritor que desenvolve uma história seguindo um conjunto de directrizes previamente fixadas, e não de acordo apenas e só com a sua inspiração. Isto leva a que a prosa não seja tão fluída como se se tratasse de uma obra completamente livro, ao fluir da pena.

A história não deixa de ser interessante, e como seria de esperar, bem relacionada com as personagens da série original. Na história do livro, Heat é a investigadora de homicídios, e Rook (reparem no paralelismo com Castle) um escritor... erm... jornalista, que usando uma cunha, consegue juntar-se à equipa de Heat para escrever uma reportagem sobre o modo operandis da investigação de homicídios. E mais não conto sobre a história, sob pena de vos estragar a leitura.

No entanto, devo reclamar! Existe um erro bárbaro na história, o que me faz ficar desconsolado. Mas não deixo de recomendar esta leitura a todos os fãs de Castle.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Baudolino - Umberto Eco

Este é outro comentário desfasado no tempo, já lá vão uns anos em que li o Baudolino. Foi o segundo dos únicos três livros de Eco que li até ao momento. É curioso que li livros por ordem decrescente de interesse. Em primeiro lugar O Nome da Rosa, que se não é a obra prima de Eco, estará por lá perto, seguiu-se-lhe o livro sobre o qual vos escrevo hoje, e no final, O Pêndulo de Foulcault, que como já desabafei, é capaz de ser um dos piores livros que li até ao momento. Este decréscimo de qualidade faz-me ter medo de ler O Cemitério de Praga, que já aí está na estante. Mas haja coragem.

Mas voltemos ao Baudolino. A história de uma viagem, do dito Baudolino, contada por ele mesmo. É uma viagem a uma terra mística, com criaturas estranhas, designada pela terra do Prestes João (espero que a memória não me esteja a atraiçoar). Esta viagem é realizada nos primeiros anos do Cristianismo, altura com especial devoção por relíquias (bocados de Santos, ou das suas roupas ou pertences). Há duas passagens relacionadas com estas relíquias que acho tão caricatas que não posso deixar de referir. Perdoem-me qualquer imprecisão, que como vos digo, a leitura foi feita já há alguns anos.

A determinada altura pretende-se expor relíquias referentes aos três Reis Magos. Na verdade, não eram propriamente relíquias, mas os próprios corpos que se querem expor. Dado o estado debilitado e de decomposição em que se encontravam, os três magos foram empalados, de modo a que se segurassem. Se não é estranho pensar na exposição dos ditos corpos, mais estranho é notar que foram espetados... e enrabados.

Outra passagem tem também que ver com relíquias, e com os saques realizados às igrejas. Num desses saques foi roubada a cabeça de João Baptista (a verdadeira, que foi cortada a pedido da filha do Rei). Ora, a igreja não podia deixar que este e outros roubos continuassem a ameaçar a igreja, e portanto decidiram ameaçar todos os ladrões com a excomunhão. Esta ameaça levou a que muitos devolvessem as relíquias roubadas, ou compradas, ou que tinham medo de ser verdadeiras. A ameaça funcionou de tal modo, que foram recuperadas mais de cinco cabeças de João Baptista (fim, todas verdadeiras) bem como um grande conjunto de outras relíquias, e muitas repetidas.

São estas e outras descrições que alegram a leitura de Baudolino, que por vezes se torna ligeiramente maçadora, dadas as incursões históricas e deambulações que Eco aproveita para fazer. De qualquer modo, é um livro que recomendo a todos aqueles que gostaram de ler O Nome da Rosa, não só pela história propriamente dita, mas também, e principalmente, pela forma de Eco descrever, contar, desabafar.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Disco para Mirror do Projecto Gutenberg Pago

O disco para o mirror Português do projecto Gutenberg está pago! Obrigado a todos os que contribuíram, quer os que ajudaram e preferiram manter-se anónimos, quer aos restantes (que, visto não terem pedido para ficar anónimos, serão aqui agradecidos publicamente): Filipe Meneses, José João Almeida, e Maria Manuela Alves (e claro, eu também).

Como sabem o disco ficou por 130€. O valor atingido é de 150€, pelo que os 20€ ficarão para futuras iniciativas deste género.

A todos o meu (o nosso) obrigado!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Olha-me a PDC!

O novo slogan da TMN é "Vamos lá". Soube-o pelo meu pai, que estava a ler o jornal no PC e mo disse. Sou sincero, pensei que estivesse a ler o inimigo público. É que o até já tem tudo que ver com mensagens ou telefonemas. Era um slogan bom, não há dúvida (pelo menos assim me parece).

Agora, "Vamos lá"? Olhem-me lá a PDa Confiança. Conhecem-me donde? Vamos lá onde? Vai lá tu que não te conheço de lado nenhum.

Não, não gosto. A música da publicidade até tá fixe. Agora, o slogan, sinceramente, é para deitar fora.

sábado, 7 de abril de 2012

Cepos Profissionais

Já há algum tempo que não partilho cepos (vulgo, palermas a estacionar) convosco. A principal razão é que quem vê um, vê todos, e começa a tornar-se maçador estar sempre a partilhar fotografias do mesmo género.

Mas parece que nesta época festiva, com a proximidade da Páscoa, os cepos se têm esmerado. Então, partilho convosco dois cepos profissionais.

Primeiro uma família numerosa, que cabe num pequeno C3 Pluriel. Mas como é realmente numerosa, o espaço já por si largo de famílias numerosas não é suficiente, e portanto, toca a usar o lugar do lado.


Mas há mais. Há quem tenha um carro pequeno, mas tenha a mania das grandezas, e que como o carro não dá para mais, tem um trabalho desgraçado para o colocar numa diagonal, de modo a dar cabo de três lugares de estacionamento.


A fotografia não é das melhores, mas não é possível estacionar entre o cepo e o carro azul, porque o azul já estava demasiado sobre a risca. Não é possível estacionar deste lado do cepo, porque tem uma árvore (à esquerda da foto). Para ajudar, dentro do carro está uma criança, só e abandonada. Será uma mãe cepa ou um pai cepo?

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Disco para o Gutenberg

Tal como tinha ameaçado, comprei o disco de 2TB durante o fim de semana, para tirar partido do desconto no valor do IVA. Como podem ver pelo talão abaixo, o talão é no valor de 29.90 euro, pelo que fica o preço de 130 euro. O disco já está instalado no servidor. Agora só espero que não pensem "Já está comprado... não é preciso contribuir" e que fique eu a arder :)


segunda-feira, 2 de abril de 2012

Medicamentos Genéricos, os novos não Genéricos?

Não me lembro bem qual a ideia dos medicamentos genéricos. Mas se não me engano tinha que ver com o custo do "nome" comercial do composto, e da suposta baixa de preços.

A minha mãe toma Lansoprazol 30mg. Há anos que toma do mesmo laboratório (genérico), e outro dia um médico receitou-lhe, pela primeira vez, de um outro laboratório. Não fosse o facto de os novos comprimidos não fazerem o efeito desejado (há quem diga que não há diferenças, e que portanto isso não pode acontecer, outros dizem que será apenas psicológico, mas a verdade é que não fazia o efeito desejado), não tinha reparado no que a seguir vos conto.

O Lansoprazol 30mg, caixa de 56 unidades, custa 4.40 € se do laboratório ToLife. Já se for do laboratório Mylan, custa 18.90 €. Sim, existe uma diferença de 15 €. Não faço ideia qual seria o custo do medicamento original, mas um exemplo de medicamento não genérico, é o do laboratório Labesfal, que custa 25.44 €, ou o Gastrex, que dado o nome, até poderá ser o original, que custa 18.90 €.

Dado isto, a minha pergunta é: qual a diferença mesmo entre o genérico e o de marca? Sim, há ali um a um preço realmente barato, mas que é duvidoso (aparentemente não funciona). Depois há ali outro, que dá o efeito desejado, e custa tanto como o de marca. Esperem, o genérico é mais barato? Ah, pois, não é. E se repararem na folha informativa da Infarmed, estes laboratórios têm permissão para aumentar ainda mais o preço.

Este panorama leva-me a pensar que o dizer MG na caixa, é uma simples proforma. É irrelevante se se trata de um genérico ou não. É tudo fogo de vista. Se não é, desafio a Infarmed a definir intervalos de preço para genéricos com um intervalo de 2 a 3 euro....

O Hobbit - J. R. R. Tolkien

Tolkien é outro dos autores que admiro. Criou todo um universo, diferentes povos, diferentes criaturas, diferentes lendas, e depois escreveu livros e livros em que se cruzam algumas personagens e, nos que não partilham personagens, pelo menos são partilhados povos e locais. É evidente que o difícil não é inventar, mas o fazê-lo de forma consistente.

O Hobbit é um dos livros que se referem à Terra Média, o mundo criado por Tolkien. É um livro escrito para crianças (embora tenha lido a versão traduzida, notam-se grandes diferenças entre este livro e outros, como O Senhor dos Anéis, sobre o qual escreverei de uma próxima vez).

Para além do mundo imaginário em que decorre, e das lendas e contexto em que a história se insere, a história, por si só, não traz nada de novo: corresponde a uma aventura típica, ou caça ao tesouro. No entanto, parece-me ser o livro inicial para iniciar o leitor no estilo de Tolkien, e na sua fantástica Terra Média. Como a personagem principal é partilhada com O Senhor dos Anéis, tendo a dizer que O Hobbit é o volume número zero dessa trilogia.

Como em qualquer livro relativo ao fantástico, o leitor de Tolkien deve estar a contar com uma história irreal. Mas neste caso, o leitor também tem de estar de mente aberta para a existência de novas criaturas, como os dragões, elfos ou os próprios hobbits.

Uma leitura obrigatória para quem quer iniciar-se nas obras literárias de Tolkien. Leiam já, e não esperem pelo filme, que não tardará a estrear.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Projecto Gutenberg, DIsco e Promoção Rádio Popular

Em relação ao post  de terça-feira, Ajudar o Gutenberg em Portugal, recebi hoje publicidade da Rádio Popular, que dizem que devolvem o IVA num vale, para gastar mais tarde. Estou a pensar aproveitar a promoção, o que leva a que o disco custe 130 euro, em vez dos 159.90 euro (a diferença de 29.90 euro será paga por mim, já que serei eu a usufruir do vale -- em todo o caso, também já contribuí para os ditos 130 euro).

Ou seja, faltam 55 euro. Conseguimos juntá-los a tempo de comprar o disco em promoção?

terça-feira, 27 de março de 2012

Ajudar o Gutenberg em Portugal

O projecto Gutenberg visa a preservação digital de obras literárias escritas em qualquer língua, desde que os seus direitos de autor já tenham caducado. A língua portuguesa está representada neste arquivo, e está na lista de 10 línguas com mais livros (em breve tentarei saber ao certo em que posição), contabilizando neste momento 707 livros (alguns dos quais ainda em processamento). Pode consultar a lista de livros disponíveis ou em processamento, visitando o Livro-Aberto.

Existe uma rede de Mirrors (cópias) deste arquivo distribuídas pelo mundo, para que seja mais fácil a quem deseje copiar porções do arquivo não sobrecarregar o arquivo principal. Em Portugal temos uma cópia, no Departamento de Informática da Universidade do Minho (aqui). Infelizmente o disco do arquivo (de 1 Terabyte) está a ficar cheio, e precisamos de comprar um novo. O disco anterior foi comprado há pouquíssimo tempo (e patrocinado pelo Departamento de Informática), mas não esperávamos um crescimento tão rápido do arquivo. Assim, é necessário adquirir um novo, e não temos condições de voltar a pedir ao Dept. de Informática. Deste modo, estamos a pedir à comunidade que nos ajude oferecendo um par de Euros, para a compra de um disco de 2TeraBytes (passaríamos a ter 3TB de espaço).

Embora não seja necessário a compra deste modelo, apontamos esta angariação de fundos para os 160 Euros. Na barra lateral direita poderá ver o estado actual deste processo de angariação de fundos. Para facilitar o processo, e não ter de suportar taxas do PayPal, os donativos devem ser transferidos para este NIB: 0035 0882 00072650300 40. Como é um NIB particular, e para que seja mais fácil de vos agradecer a todos, peço-vos que, depois de realizar a transferência, preencham o formulário que apresento abaixo.

A todos o nosso muito obrigado.
Alberto

domingo, 11 de março de 2012

É com cada uma...

Antes que comecem a ler o meu post quero desde já dizer que sou apartidário: em todas as eleições voto, e já votei em várias cores políticas, de uma ponta à outra da bancada. Cada vez que o faço envergonho-me de o ter feito (com todos os partidos), porque todos são iguais.

Em todo o caso, custa-me receber pedidos para assinar uma petição para a demissão de Cavaco Silva quando:
  1. Quem escreveu ou é de origem Brasileira, ou vê demasiadas telenovelas. É certo que exercendo é uma forma correcta do verbo exercer, mas não é usada em Portugal. A forma correcta, Lusa, seria continuar a exercer. E também não é derivado do acordo ortográfico, já que mais abaixo se usa objectivo e não objetivo, que seria a forma de acordo com esse desacordo ortográfico.
  2. Em segundo lugar, e embora não saiba a que acção se refere quem escreveu esta petição (será aquela história do ordenado não lhe permitir condignamente?), de que forma alguém consegue apurar o estado de saúde (mental) de alguém, apenas com um conjunto de declarações e acções?
  3. Depois, todos sabemos que o Presidente da República em nada afecta o estado da crise, e da forma como vamos dela sair. Quem governa é o Governo, em conjunto com os partidos da Assembleia da República. É certo que o Presidente ratifica as leis, mas exceptuando-se alguns casos concretos relativos a ética (ou falta dela), é que as leis não têm sido aprovadas. Embora discutível se essas leis deveriam ou não ser aprovadas, não serão essas leis que nos vão fazer ultrapassar, ou não, a crise.
  4. O processo eleitoral é caro. Por um lado a CNE gasta um dinheirão em todo o processo material (impressão de boletins de voto, transporte, etc) e nos recursos humanos (não sei se ainda é o caso, mas até há bem pouco tempo, quem estava na mesa de voto recebia dinheiro). Depois, os partidos fazem campanha política, que usam dinheiro a rodos. De onde ele vem, não tenho a certeza, mas duvido que não saia de onde faz falta.
Dito isto, a minha opinião é que neste momento a decisão mais barata seja continuar a sustentar o Cavaco como Presidente da República, e dar-lhe um desconto. Dá mau aspecto? Dá! Mas também há muitas mais coisas que dão mau aspecto e que as pessoas continuam a fazer.

PS: reservo o direito de admissão aos comentários (quer no blog quer no facebook) que não sejam correctos.

sábado, 10 de março de 2012

Ácordo Órtografico?

Eu sei que a culpa não é da própria Alice Vieira. Ou, não será? Não terão os cronistas direito a ver o seu artigo pronto, em formato de impressão, para verificar se está tudo como escreveram? Sei é que isto dá um mau aspecto terrível, ainda para mais, quando o nome errado corresponde ao nome de uma escritora que até é bem conceituada. Fica aqui a chamada de atenção ao INATEL para que tenha mais cuidado na sua revista.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O Nome da Rosa - Umberto Eco

Este é, sem dúvida, o meu livro preferido. Foi lido há cerca de dez anos, numa ida ao Rio de Janeiro, Brasil. Por vezes fico na dúvida se gostei do livro pelo local onde li grande parte da história, ou se realmente gostei do que li.

Mas a verdade é que neste livro, Eco leva-nos a um imaginário que sempre me intrigou e fascinou. Por um lado, um mosteiro remoto, no alto de um monte. Por outro lado, uma biblioteca enorme, com livros raros e livros proibidos. Esta biblioteca vai tornar tornar-se ainda mais interessante quando, para além de biblioteca, passa também a ser um labirinto, um sítio de acção, mistério e, porque não, horror.

A juntar a estes factores, temos uma história que em tudo se assemelha a Holmes e o seu assistente Watson, ou Poirot e o seu fiel amigo. Aqui, também temos um detective (que embora frade, durante a história realiza actividades detectivescas), que se desloca com um ajudante, e também temos crimes que anseiam uma explicação.

Eco conta-nos esta história de um modo formidável, mas para além disso, descreve-nos locais, modos de vida, e até passagens históricas de um modo sublime.

Todo o mosteiro, biblioteca e igreja são descritos ao pormenor. E, em particular, a igreja, as suas imagens e talhas, são descritas em páginas a fio. Depois, Eco fala-nos no modo de vida dos frades, como transcreviam e traduziam livros, no célebre scriptorium. Mais uma vez, Eco faz-nos perder na magnificiência dos livros transcritos à mão decorados por brilhantes iluminuras.

Finalmente, e em relação ao contexto histórico, e tal como habitual nas obras de Eco, temos páginas e páginas com deambulações politico-religiosas que, embora ortogonais a toda a história, nos abrem o apetite para saber mais.

Não há muito mais que possa escrever sem cair na tentação de contar factos relevantes à história. Desafio todos os meus leitores a comprar, pedir emprestado, ou requisitar numa biblioteca, este livro. Acho que rapidamente o vão devorar, com muito gosto!

Sei que há um filme com esta história, que ainda não vi. Mas não é possível, de modo algum, transmitir toda esta magia e modo de escrita e descrição de Eco numa obra cinematográfica (sem menosprezar o filme, apenas realçar que há mais no livro que a história).

domingo, 4 de março de 2012

Os Pilares da Terra - Ken Follet

Uma obra monumental são as primeiras palavras que me vêm à cabeça para descrever esta obra. A história cobre mais de cinco décadas, cruzando a vida de mais de duas dezenas de pessoas.

É, sem qualquer sobre de dúvidas, uma das principais características da escrita de Ken Follet: a facilidade com que consegue ligar e entre-cruzar histórias. À primeira vista parecem acasos, histórias soltas. Aos poucos, as personagens voltam a encontrar-se: uma, duas e mais vezes, tecendo uma história coerente e bem contada. Com estas características não admira que esta obra tenha sido a base de uma mini-série televisiva de oito episódios.

A história decorre à volta da construção de uma catedral. Dado o título da obra, e os primeiros capítulos, parece-nos que Follet colocou como centro da história essa construção, e que nos conta a história da sua construção. Mas não. Aos poucos vamos chegando à conclusão que é apenas um pretexto, uma forma de permitir juntar as personagens. E também, claro está, para que Follet possa partilhar a sua paixão pelos detalhes arquitectónicos da construção, em particular, de igrejas.

Projectar uma história que demore tanto tempo a desenrolar-se é complicado. Não apenas pela quantidade de detalhes que têm de ser criados para prender o leitor e afastar a monotonia do tempo que vai passando, mas também porque é necessário saber como fazer com que a história evolua. Não é possível colocar o tempo a passar sempre à mesma velocidade, já que por vezes existem detalhes a contar, e noutras alturas nada de novo acontece.

Neste aspecto, da projecção temporal da história, Follet esteve bem, contando pequenas passagens, horas, dias ou meses, com algum detalhe, e saltando uma dezena de anos quando necessário. Esta inconstância na velocidade temporal é apresentada de forma transparente, permitindo ao leitor acompanhar devidamente a história.

Na minha humilde opinião, só no final da história é que Follet mostrou algum cansaço, o que leva a um final radical e rápida, em que são apresentados poucos detalhes, e que nos deixa algumas perguntas por responder. Mas também compreendo que se assim não fosse, arriscava-se a publicar a obra numa dúzia de volumes...

O retrato histórico parece-me bem conseguido, e embora realista, existem algumas cenas de violência sexual que me parecem um pouco desnecessárias ou exageradas. Enquanto que uma delas molda a forma de ser de uma personagem, traçando o seu perfil psíquico, outras há que surgem apenas para belo prazer do escritor, e que nada trazem de acrescentado à história.

Em relação à edição da Editorial Presença, não tenho nada a apontar. A tradução é de boa qualidade, com poucos deslizes. O próprio uso de notas do tradutor não abunda, sendo apenas usadas quando a sua explicação é imprescindível para a compreensão da história. Quando o contexto é suficiente, as notas não são de todo usadas, ficando o leitor encarregue de as interpretar.

Sem dúvida, esta é uma obra que recomendo, seja na sua versão original ou traduzida. Embora apenas tenha assistido a um episódio da dita mini-série, e embora preveja ver todos os episódios, devo desde já defender que é muito diferente a leitura da obra original.

sábado, 3 de março de 2012

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Este livro não é muito conhecido, e o próprio autor, quando o é, é-o pela escrita deste livro. Ou seja, estou-vos a falar de um livro e autor desconhecidos para a maioria. No entanto, muitos foram os que o conheceram na altura dos badalados acontecimentos de 11 de Setembro de 2001, e o filme que se lhes seguiu, de nome Fahrenheit 9/11.

Mas o livro nada tem que ver com estes acontecimentos. A história é simples, e faz-me lembrar o que pode vir a acontecer com as novas leis que os EUA e a Europa (e também Portugal por conta e risco) querem implementar, quer seja com a ACTA ou a PL118. A partir daí até ao futuro que nos é contado neste livro, pouco falta.

A história, então, é sobre um futuro em que a leitura de livros (no seu formato papel, já que aparentemente o autor não se lembrou de possíveis e-books na altura da escrita) é proibida. Já li o livro há bastante tempo, e por isso não me lembro qual a razão para essa proibição. Possivelmente nem sequer era explicada. Mas as razões não devem ser muito diferentes das razões patéticas que levam à discussão das leis já mencionadas.

Nesta história, o personagem principal trabalha numa brigada que é encarregue de queimar todos os livros que encontre (é suposto que muita gente ainda guarde livros de forma ilegal). Quando encontra alguns livros, reconhece o prazer de ler, folhear e aprender. A história desenvolve-se a partir deste facto, com fogo e acção à mistura.

Até certo ponto, este livro faz-me lembrar a história de São Paulo. Por um lado perseguem, por outro, são convertidos, e juntam-se à resistência.

Em relação à qualidade de escrita (ou da tradução), não posso dizer muito. Como vos disse, já o li há bastante tempo, pelo que não tenho possibilidade de comentar. Além disso, li esta obra num dos volumes da colecção Mil Folhas, uma colecção de baixo custo do Público mas que, curiosamente, têm mais qualidade do que muitos livros por aí à venda.