sexta-feira, 30 de março de 2012

Projecto Gutenberg, DIsco e Promoção Rádio Popular

Em relação ao post  de terça-feira, Ajudar o Gutenberg em Portugal, recebi hoje publicidade da Rádio Popular, que dizem que devolvem o IVA num vale, para gastar mais tarde. Estou a pensar aproveitar a promoção, o que leva a que o disco custe 130 euro, em vez dos 159.90 euro (a diferença de 29.90 euro será paga por mim, já que serei eu a usufruir do vale -- em todo o caso, também já contribuí para os ditos 130 euro).

Ou seja, faltam 55 euro. Conseguimos juntá-los a tempo de comprar o disco em promoção?

terça-feira, 27 de março de 2012

Ajudar o Gutenberg em Portugal

O projecto Gutenberg visa a preservação digital de obras literárias escritas em qualquer língua, desde que os seus direitos de autor já tenham caducado. A língua portuguesa está representada neste arquivo, e está na lista de 10 línguas com mais livros (em breve tentarei saber ao certo em que posição), contabilizando neste momento 707 livros (alguns dos quais ainda em processamento). Pode consultar a lista de livros disponíveis ou em processamento, visitando o Livro-Aberto.

Existe uma rede de Mirrors (cópias) deste arquivo distribuídas pelo mundo, para que seja mais fácil a quem deseje copiar porções do arquivo não sobrecarregar o arquivo principal. Em Portugal temos uma cópia, no Departamento de Informática da Universidade do Minho (aqui). Infelizmente o disco do arquivo (de 1 Terabyte) está a ficar cheio, e precisamos de comprar um novo. O disco anterior foi comprado há pouquíssimo tempo (e patrocinado pelo Departamento de Informática), mas não esperávamos um crescimento tão rápido do arquivo. Assim, é necessário adquirir um novo, e não temos condições de voltar a pedir ao Dept. de Informática. Deste modo, estamos a pedir à comunidade que nos ajude oferecendo um par de Euros, para a compra de um disco de 2TeraBytes (passaríamos a ter 3TB de espaço).

Embora não seja necessário a compra deste modelo, apontamos esta angariação de fundos para os 160 Euros. Na barra lateral direita poderá ver o estado actual deste processo de angariação de fundos. Para facilitar o processo, e não ter de suportar taxas do PayPal, os donativos devem ser transferidos para este NIB: 0035 0882 00072650300 40. Como é um NIB particular, e para que seja mais fácil de vos agradecer a todos, peço-vos que, depois de realizar a transferência, preencham o formulário que apresento abaixo.

A todos o nosso muito obrigado.
Alberto

domingo, 11 de março de 2012

É com cada uma...

Antes que comecem a ler o meu post quero desde já dizer que sou apartidário: em todas as eleições voto, e já votei em várias cores políticas, de uma ponta à outra da bancada. Cada vez que o faço envergonho-me de o ter feito (com todos os partidos), porque todos são iguais.

Em todo o caso, custa-me receber pedidos para assinar uma petição para a demissão de Cavaco Silva quando:
  1. Quem escreveu ou é de origem Brasileira, ou vê demasiadas telenovelas. É certo que exercendo é uma forma correcta do verbo exercer, mas não é usada em Portugal. A forma correcta, Lusa, seria continuar a exercer. E também não é derivado do acordo ortográfico, já que mais abaixo se usa objectivo e não objetivo, que seria a forma de acordo com esse desacordo ortográfico.
  2. Em segundo lugar, e embora não saiba a que acção se refere quem escreveu esta petição (será aquela história do ordenado não lhe permitir condignamente?), de que forma alguém consegue apurar o estado de saúde (mental) de alguém, apenas com um conjunto de declarações e acções?
  3. Depois, todos sabemos que o Presidente da República em nada afecta o estado da crise, e da forma como vamos dela sair. Quem governa é o Governo, em conjunto com os partidos da Assembleia da República. É certo que o Presidente ratifica as leis, mas exceptuando-se alguns casos concretos relativos a ética (ou falta dela), é que as leis não têm sido aprovadas. Embora discutível se essas leis deveriam ou não ser aprovadas, não serão essas leis que nos vão fazer ultrapassar, ou não, a crise.
  4. O processo eleitoral é caro. Por um lado a CNE gasta um dinheirão em todo o processo material (impressão de boletins de voto, transporte, etc) e nos recursos humanos (não sei se ainda é o caso, mas até há bem pouco tempo, quem estava na mesa de voto recebia dinheiro). Depois, os partidos fazem campanha política, que usam dinheiro a rodos. De onde ele vem, não tenho a certeza, mas duvido que não saia de onde faz falta.
Dito isto, a minha opinião é que neste momento a decisão mais barata seja continuar a sustentar o Cavaco como Presidente da República, e dar-lhe um desconto. Dá mau aspecto? Dá! Mas também há muitas mais coisas que dão mau aspecto e que as pessoas continuam a fazer.

PS: reservo o direito de admissão aos comentários (quer no blog quer no facebook) que não sejam correctos.

sábado, 10 de março de 2012

Ácordo Órtografico?

Eu sei que a culpa não é da própria Alice Vieira. Ou, não será? Não terão os cronistas direito a ver o seu artigo pronto, em formato de impressão, para verificar se está tudo como escreveram? Sei é que isto dá um mau aspecto terrível, ainda para mais, quando o nome errado corresponde ao nome de uma escritora que até é bem conceituada. Fica aqui a chamada de atenção ao INATEL para que tenha mais cuidado na sua revista.

sexta-feira, 9 de março de 2012

O Nome da Rosa - Umberto Eco

Este é, sem dúvida, o meu livro preferido. Foi lido há cerca de dez anos, numa ida ao Rio de Janeiro, Brasil. Por vezes fico na dúvida se gostei do livro pelo local onde li grande parte da história, ou se realmente gostei do que li.

Mas a verdade é que neste livro, Eco leva-nos a um imaginário que sempre me intrigou e fascinou. Por um lado, um mosteiro remoto, no alto de um monte. Por outro lado, uma biblioteca enorme, com livros raros e livros proibidos. Esta biblioteca vai tornar tornar-se ainda mais interessante quando, para além de biblioteca, passa também a ser um labirinto, um sítio de acção, mistério e, porque não, horror.

A juntar a estes factores, temos uma história que em tudo se assemelha a Holmes e o seu assistente Watson, ou Poirot e o seu fiel amigo. Aqui, também temos um detective (que embora frade, durante a história realiza actividades detectivescas), que se desloca com um ajudante, e também temos crimes que anseiam uma explicação.

Eco conta-nos esta história de um modo formidável, mas para além disso, descreve-nos locais, modos de vida, e até passagens históricas de um modo sublime.

Todo o mosteiro, biblioteca e igreja são descritos ao pormenor. E, em particular, a igreja, as suas imagens e talhas, são descritas em páginas a fio. Depois, Eco fala-nos no modo de vida dos frades, como transcreviam e traduziam livros, no célebre scriptorium. Mais uma vez, Eco faz-nos perder na magnificiência dos livros transcritos à mão decorados por brilhantes iluminuras.

Finalmente, e em relação ao contexto histórico, e tal como habitual nas obras de Eco, temos páginas e páginas com deambulações politico-religiosas que, embora ortogonais a toda a história, nos abrem o apetite para saber mais.

Não há muito mais que possa escrever sem cair na tentação de contar factos relevantes à história. Desafio todos os meus leitores a comprar, pedir emprestado, ou requisitar numa biblioteca, este livro. Acho que rapidamente o vão devorar, com muito gosto!

Sei que há um filme com esta história, que ainda não vi. Mas não é possível, de modo algum, transmitir toda esta magia e modo de escrita e descrição de Eco numa obra cinematográfica (sem menosprezar o filme, apenas realçar que há mais no livro que a história).

domingo, 4 de março de 2012

Os Pilares da Terra - Ken Follet

Uma obra monumental são as primeiras palavras que me vêm à cabeça para descrever esta obra. A história cobre mais de cinco décadas, cruzando a vida de mais de duas dezenas de pessoas.

É, sem qualquer sobre de dúvidas, uma das principais características da escrita de Ken Follet: a facilidade com que consegue ligar e entre-cruzar histórias. À primeira vista parecem acasos, histórias soltas. Aos poucos, as personagens voltam a encontrar-se: uma, duas e mais vezes, tecendo uma história coerente e bem contada. Com estas características não admira que esta obra tenha sido a base de uma mini-série televisiva de oito episódios.

A história decorre à volta da construção de uma catedral. Dado o título da obra, e os primeiros capítulos, parece-nos que Follet colocou como centro da história essa construção, e que nos conta a história da sua construção. Mas não. Aos poucos vamos chegando à conclusão que é apenas um pretexto, uma forma de permitir juntar as personagens. E também, claro está, para que Follet possa partilhar a sua paixão pelos detalhes arquitectónicos da construção, em particular, de igrejas.

Projectar uma história que demore tanto tempo a desenrolar-se é complicado. Não apenas pela quantidade de detalhes que têm de ser criados para prender o leitor e afastar a monotonia do tempo que vai passando, mas também porque é necessário saber como fazer com que a história evolua. Não é possível colocar o tempo a passar sempre à mesma velocidade, já que por vezes existem detalhes a contar, e noutras alturas nada de novo acontece.

Neste aspecto, da projecção temporal da história, Follet esteve bem, contando pequenas passagens, horas, dias ou meses, com algum detalhe, e saltando uma dezena de anos quando necessário. Esta inconstância na velocidade temporal é apresentada de forma transparente, permitindo ao leitor acompanhar devidamente a história.

Na minha humilde opinião, só no final da história é que Follet mostrou algum cansaço, o que leva a um final radical e rápida, em que são apresentados poucos detalhes, e que nos deixa algumas perguntas por responder. Mas também compreendo que se assim não fosse, arriscava-se a publicar a obra numa dúzia de volumes...

O retrato histórico parece-me bem conseguido, e embora realista, existem algumas cenas de violência sexual que me parecem um pouco desnecessárias ou exageradas. Enquanto que uma delas molda a forma de ser de uma personagem, traçando o seu perfil psíquico, outras há que surgem apenas para belo prazer do escritor, e que nada trazem de acrescentado à história.

Em relação à edição da Editorial Presença, não tenho nada a apontar. A tradução é de boa qualidade, com poucos deslizes. O próprio uso de notas do tradutor não abunda, sendo apenas usadas quando a sua explicação é imprescindível para a compreensão da história. Quando o contexto é suficiente, as notas não são de todo usadas, ficando o leitor encarregue de as interpretar.

Sem dúvida, esta é uma obra que recomendo, seja na sua versão original ou traduzida. Embora apenas tenha assistido a um episódio da dita mini-série, e embora preveja ver todos os episódios, devo desde já defender que é muito diferente a leitura da obra original.

sábado, 3 de março de 2012

Fahrenheit 451 - Ray Bradbury

Este livro não é muito conhecido, e o próprio autor, quando o é, é-o pela escrita deste livro. Ou seja, estou-vos a falar de um livro e autor desconhecidos para a maioria. No entanto, muitos foram os que o conheceram na altura dos badalados acontecimentos de 11 de Setembro de 2001, e o filme que se lhes seguiu, de nome Fahrenheit 9/11.

Mas o livro nada tem que ver com estes acontecimentos. A história é simples, e faz-me lembrar o que pode vir a acontecer com as novas leis que os EUA e a Europa (e também Portugal por conta e risco) querem implementar, quer seja com a ACTA ou a PL118. A partir daí até ao futuro que nos é contado neste livro, pouco falta.

A história, então, é sobre um futuro em que a leitura de livros (no seu formato papel, já que aparentemente o autor não se lembrou de possíveis e-books na altura da escrita) é proibida. Já li o livro há bastante tempo, e por isso não me lembro qual a razão para essa proibição. Possivelmente nem sequer era explicada. Mas as razões não devem ser muito diferentes das razões patéticas que levam à discussão das leis já mencionadas.

Nesta história, o personagem principal trabalha numa brigada que é encarregue de queimar todos os livros que encontre (é suposto que muita gente ainda guarde livros de forma ilegal). Quando encontra alguns livros, reconhece o prazer de ler, folhear e aprender. A história desenvolve-se a partir deste facto, com fogo e acção à mistura.

Até certo ponto, este livro faz-me lembrar a história de São Paulo. Por um lado perseguem, por outro, são convertidos, e juntam-se à resistência.

Em relação à qualidade de escrita (ou da tradução), não posso dizer muito. Como vos disse, já o li há bastante tempo, pelo que não tenho possibilidade de comentar. Além disso, li esta obra num dos volumes da colecção Mil Folhas, uma colecção de baixo custo do Público mas que, curiosamente, têm mais qualidade do que muitos livros por aí à venda.