sábado, 22 de setembro de 2012

Coca-Cola... Georgiana

Ontem num café/pizzaria à beira da estrada, entre Barcelos e Esposende, serviram-me uma lata de Coca-Cola em lata. Estava eu a almoçar quando ao encher o copo, reparei num pequeno relevo na lata (que até ao momento tinha ignorado... era vermelha e dizia Coca-Cola!) e reparei que tinha um autocolante com os ingredientes em Português, e com informação do importador (uma empresa da Trofa cujo nome não decorei) e informação da origem: Geórgia!

Fiquei estupefacto. Tipicamente as Coca-Cola em Portugal são produzidas pela Refrige. Se uma empresa se dedica a importar latas da Geórgia, é porque o preço compensa, em relação ao praticado pela Refrige. Teoricamente os ingredientes são os mesmos, as latas são iguais, e a receita também. Isto significa que das duas uma: ou os Portugueses têm ordenados altos (o que não me parece!) ou a Refrige tem uma margem de lucro grande. Ou a Geórgia consegue fabricar Coca-Cola quase de borla... sim, porque a distância ainda é razoável (ver mapa acima), e o transporte não deve ser gratuito...

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Cemitério de Praga - Umberto Eco

Esta é a quarta obra que leio de Eco e, ao lê-la, a principal questão que me vinha à ideia era: mas será que este homem não consegue escrever uma história que não meta a religião ao barulho? O primeiro livro, O Nome da Rosa, é provavelmente a obra em que a relação com a religião é menos relevante para a história. Mas em todos os outros a religião (seja ela a católica ou outra qualquer) é parte importante no decorrer da narrativa. Se por alguma razão milagrosa este texto chegar aos olhos do Eco, desafio-o a escrever uma obra sem a mínima referência a uma religião. Sempre quero ver se é capaz...

Mas voltando ao livro, e à sua história: o livro é-nos apresentado de uma forma invulgar. Funciona quase como um diário em que o narrador nos conta as suas aventuras. Interessante também é o facto deste diário, pessoal, ser escrito por duas pessoas com formas de pensar e agir diferentes, mas em que as respectivas vidas se cruzam de uma forma bastante peculiar. E na arte de contar histórias de forma pouco convencional, Eco é exímio - o seu livro mais vulgar talvez seja, mais uma vez, O Nome da Rosa, pelo seu paralelismo com um Sherlock Holmes e Watson. Mas mesmo assim, a sua narrativa é inconfundível.

Também em relação ao conteúdo do livro, começo a perguntar-me se os livros não deveriam sair com uma classificação etária, como acontece com os filmes ou jogos de computador. Eu não sou purista, e acredito que um leitor sem idade suficiente para digerir algumas das cenas deste livro, não teria o ânimo, compreensão, interesse, ou força de vontade para ler todo o livro e chegar à parte menos inocente, que aparece bem para o fim. Não quero dar detalhes, mas devo dizer que a cena a que me refiro não é típica, e mistura dois assuntos que habitualmente dão faísca: religião e sexo, que levam a uma cena herética. Mas mais não digo.

Finalmente, é meu apanágio referir-me à qualidade de escrita e tradução. A esse respeito, os parabéns à Gradiva por manter informação sobre o tradutor bem clara no sua edição. Em relação à tradução, sei que Eco não é simples de traduzir, mas mesmo assim o livro está bem traduzido na generalidade, apenas com alguns erros ortográficos e erros de edição, em que se nota que o tradutor preparava determinada tradução, mas desistiu e decidiu enveredar por outra construção sintáctica.