Estamos de novo naquela época do ano em que Portugal participa no Festival Eurovisão da Canção usando uma canção escolhida (teoricamente) pelos portugueses. E então, porquê, teoricamente?
Este ano as votações foram feitas por telefone. Ainda em tempo de votação já os serviços de tele-voto indicavam que o período de voto tinha terminado. E isto enquanto na televisão, em directo, se fazia uma contagem decrescente completamente virtual (eu diria mesmo imbecil). Embora o serviço de tele-voto tenha feito algumas estatísticas e defenda que a tendência de voto seria a mesma, estes problemas mostram logo a falta de profissionalismo deste concurso. Depois, há o problema de quem concorre. Devem ser simples cantores anónimos, ou cantores que passaram mais de meio ano a passar na televisão, em programas periódicos a cantar, a fazer publicidade, a manipular todo um público para votar neles? Ora vejam bem quem ganhou este ano e nos irá representar: um conjunto de cantores que participaram no programa Operação Triunfo. Todos aqueles que durante anos a fio votaram naqueles participantes (seja na Vânia, ou num dos outros), não iria mudar o voto durante o Festival RTP da Canção. Pergunto-me, pois, se seria ético colocar alguém como o Tony Carreira a participar neste festival. Com certeza que ganhava. Mas será que seria um bom representante de Portugal num festival internacional que tem mostrado grande evolução no género de música aclamado?
Vejamos o exemplo do ano anterior, de onde retirei o vídeo da Maria-Folia. O processo de votação foi diferente, mas não foi melhor. O processo de votação era duplo: por um lado um Juri de pessoas consagradas, e por outro lado, o tele-voto habitual. Mais uma vez o que aconteceu foi que o Juri votou em quem lhe interessava. Notou-se perfeitamente que não votaram pela canção nem por quem a interpretou mas por quem a escreveu, por quem a musicou. Notou-se também, que não votaram em algumas por quem a musicou! Logo de seguida, o público por tele-voto mudou completamente a tabela de voto. O último lugar (Maria-Folia) passou a segundo ou terceiro (não consigo precisar). Só não passou a primeiro lugar porque deram tanto peso ao Juri como aos votos dos portugueses. Será que alguns portugueses têm direito a dar maior peso do que outros?
Para concluir, que este post está a ficar longe, gostava de convidar a RTP a, para o próximo ano, ter a coragem de organizar um Festival RTP da Canção que dê exactamente a mesma probabilidade a todos os participantes. Mas se querem mesmo ganhar alguma vez (ou ficar nos primeiros lugares), tenham a humildade de pedir desculpa ao grupo Maria-Folia pelo que lhes fizeram durante a votação do Juri, e convidem-nos a participar no Festival Eurovisão da Canção!
(só uma nota final, que não tenho qualquer relação com nenhuma das músicas de nenhum dos festivais da canção. Estes são só opiniões de um português)
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