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Incoerências ou falta de conhecimentos lógicos

Infelizmente estou a ler o livro "Desenvolvimento de Sistemas de Informação", de Filomena Lopes, Maria Morais e Armando Carvalho, da FCA, Editora de Informática. O "Infelizmente" porque a minha opinião até ao momento é de que o conceito de DSI é mais treta do que quaquer outra coisa relevante. Mas não é isso que quero discutir, porque os meus conhecimentos de causa ainda são poucos.

O que quero aqui referir é a falta de análise lógica dos autores. Algures na discussão de informação, organização e sistema de informação, afirmam:
Poder-se-á dizer que não há organização sem informação, nem sistema de informação sem informação e, consequentemente, não há organização sem sistema de informação.
Ora, transformemos esta afirmação em lógica de primeira ordem:

(~ informação => ~ organização)
e
(~ informação => ~ sistema informação)
então
(~ sistema informação => ~organização)

Simplificando, P = ((~A => ~B) /\ (~A => ~C)) => (~C => ~B). Construamos a tabela de verdade:











ABC(~A => ~B)/\(~A => ~C)~C => ~BP
000 111
100 111
010 001
001 011
110 100
011 011
101 111
111 111


Ou seja, esta afirmação não é sempre correcta. Se tivermos informação e sistema de informação, mas não tivermos organização, o que acontece? Ora, a primeira parte da afirmação é verdadeira, já que assenta num facto falso (não ter informação). A segunda parte da afirmação, é falsa, porque não temos sistema de informação, mas temos organização.

Comentários

N@SF disse…
LOL... muito bom... só de ti meu caro albie :D
Alberto,

O problema está mal formalizado. O que tu queres provar é ~si=>~o e não ~si=>~i.

Além disso, podes usar a contra-positiva da implicação para simplificar o problema. Ou seja, o que eles afirmam é:

(si <= o) <= (i <= o) /\ (i <= si) .

E naturalmente, se i, o e si forem, respectivamente, Verdadeiro, Verdadeiro, Falso, então o antecedente é Verdadeiro e o consequente Falso.

(Construir tabelas de verdade é muito má ideia.)

O texto original é tão simples que parece ter sido uma gralha. Suspeito que os autores quereriam usar a transitividade da implicação.

Cumprimentos,
João
Alberto Simões disse…
João, obrigado pela correcção. Gralha minha. Sim, imagino que os autores queiram uma equivalência. E não, não estou contra estes autores em particular, mas com a típica formulação deste tipo de afirmações sem o cuidado de se pensar no que se quer dizer.
Ângela disse…
Que fixe isso de estar a analisar ao pormenor o que é dito.
Alberto,

a transitividade da implicação tem de ser definida usando implicação. Repara que a implicação

(a<=c) <= (a<=b) /\ (b<=c)

é verdade para todo o a, b e c, mas a equivalência

(a<=c) == (a<=b) /\ (b<=c)

não o é. (Contra-exemplo: a=V, b=F e c=F).

Abraço,
JFF
Alberto Simões disse…
João, não percebo a relação com a minha discussão. Repara que não temos

(a<=c) <= (a<=b) /\ (b<=c)

E sim, sei perfeitamente a diferença entre uma equivalência e uma implicação.
Porque eu disse em cima o seguinte:

"Suspeito que os autores quereriam usar a transitividade da implicação."

E tu respondeste:

"Sim, imagino que os autores queiram uma equivalência."

Que equivalência?
Alberto Simões disse…
Ok, li mal o teu comentário inicial.
Imaginei que quisessem usar equivalência em vez de implicação:
(i<=>o) /\ (i<=>si)

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