Avançar para o conteúdo principal

Hipocrisia Ferial, ou Distracção para o Zé Povinho?

É provável que achem que este post se pode justificar pelo facto de eu ser Católico. Não me parece que seja esse o problema, até porque trabalho mais na preparação do coro paroquial para participarem nas Eucaristias dos feriados do que durante uma semana normal.

Mas a verdade é sinto que esta história da diminuição dos feriados no calendário Português não é mais do que uma hipocrisia mal fundada, ou mesmo, como dizia um bispo em relação ao casamento gay, uma fonte de distracção para o Zé Povinho não reparar na falta de governação desde as últimas eleições.

Ora vejamos, dizem que a diminuição de feriados aumenta a produtividade e diminui o desemprego. Embora possa concordar em relação ao primeiro ponto, discordo totalmente em relação ao segundo. Acho é que o aumento do período de férias poderiam aumentar o emprego (embora aumentasse o peso dos ordenados às empresas). Mas isto é outra história.

Estávamos a falar da diminuição de feriados. Evidentemente que se quer remover os feriados Católicos e não os institucionais ou patrióticos. Compreendo, e não discuto. O que discuto é que se queiram diminuir o número de feriados e, ao mesmo tempo, se criem tolerâncias de ponto (que em Portugal correspondem a dia de folga, e não a tolerância de ponto, que significa trabalhar com alguma flexibilidade de horário), se criem "pontes", e ainda não tenham conseguido terminar com o dia de Carnaval, que teoricamente já não é feriado, mas continua a ser.

Ou seja, se considerarem o Carnaval e as tolerâncias de ponto do dia 24 e 31 de Dezembro, e a habitual antes da Páscoa (ou depois, dependendo da empresa), são 4 dias que se perdem. E estes dias perdem-se por iniciativa de quem? Não, não por causa de feriados. Mas porque o Governo nos dá os dias para gozar.

É por isto que não percebo toda esta discussão à volta dos feriados. Se não é hipocrisia, é areia a ser atirada para os olhos do Zé Povinho, que assim se preocupa com a perda de uns dias de férias, e não repara em tudo o resto que se passa no país.

(NOTA: estejam à vontade para comentar com os vossos pontos de vista. No entanto reservo o direito a admissão em relação a comentários que faltem ao respeito a quem quer que seja)

Comentários

N disse…
Não podia estar mais de acordo! As "pontes" deviam ser abolidas e concordo que alguns feriados devam ser ajustados para combatermos a péssima produtividade portuguesa.

Mensagens populares deste blogue

Vila Nova de Famalicão sem Cinema

Vila Nova de Famalicão nasceu numa encruzilhada, entre Braga, Porto, Barcelos, Guimarães, todas cidades seculares. Nesta encruzilhada foi surgindo a necessidade de pernoitar, surgiram os caminhos de ferro, a indústria dos relógios, na já falecida "A Boa Reguladora", e, pouco a pouco, a cidade surgiu. Originalmente tínhamos um teatro, o Cine-Teatro Augusto Correia. Pelo nome já depreendem que tinha uma sala polivalente, que permitia assistir a cinema ou a teatro. Com o tempo surgiu a mania dos Shoppings , e o Shopping Town , único da cidade que merece tal nome, abriu, incluindo um cinema. O Cine-Teatro Augusto Correia foi ficando velho e mais tarde fechou (entretanto demolido, e já oupado por novo prédio habitacional). Este cinema, no Shopping Town foi-se aguentando. É verdade que um cinema numa cidade pequena não pode ter grande variedade de filmes (fica demasiado caro). Mas os filmes mais falados acabavam por passar em Famalicão. Entretanto, eis que surgem os hipermercados,...

Incoerências ou falta de conhecimentos lógicos

Infelizmente estou a ler o livro " Desenvolvimento de Sistemas de Informação ", de Filomena Lopes , Maria Morais e Armando Carvalho , da FCA, Editora de Informática. O "Infelizmente" porque a minha opinião até ao momento é de que o conceito de DSI é mais treta do que quaquer outra coisa relevante. Mas não é isso que quero discutir, porque os meus conhecimentos de causa ainda são poucos. O que quero aqui referir é a falta de análise lógica dos autores. Algures na discussão de informação, organização e sistema de informação, afirmam: Poder-se-á dizer que não há organização sem informação, nem sistema de informação sem informação e, consequentemente, não há organização sem sistema de informação. Ora, transformemos esta afirmação em lógica de primeira ordem: (~ informação => ~ organização) e (~ informação => ~ sistema informação) então (~ sistema informação => ~organização) Simplificando, P = ((~A => ~B) /\ (~A => ~C)) => (~C => ~B). Construamos a ...

Lidl ainda no século XX

Pode parecer que não. Até partilham os folhetos na Net. Mas não, o Lidl ainda não passou ao século XXI. Ora vejamos, festejei o meu aniversário na semana passada. O Lidl tentou ser simpático, enviando-me por e-mail um vale para me oferecer um bolo de 3.5 Eur desde que fizesse compras no valor de 15 Eur em loja. Infelizmente "saco vazio não se tem de pé", pelo que ao fazer as compras semanais optei por passar no Lidl, e aproveitar o bolo. Cheguei à caixa e ao mostrar o vale no telemóvel, a funcionário ficou algo atrapalhada. Não percebi porquê. Mas telefonou à chefe de loja, e fiquei a perceber: eu não tinha o vale impresso, apenas em formato digital. Disseram-me, pois, que não podiam aceitar o vale porque precisam dele em papel para demonstrar (não sei junto de quem). O que é estranho porque, ao passar o código de barras, é feito um registo, e portanto, é feita prova. Já que, se a ideia é mostrar que não o uso mais que uma vez, bem que poderia imprimir uns quanto...