É curioso como qualquer argumento é bom para defender os seus próprios propósitos. Ora, vêm agora docentes de universidades de medicina contestar a decisão de remover ou reduzir as aulas de educação física no curriculum das crianças, atacando com obesidade infantil como razão para a sua existência.
Em primeiro lugar, e embora não seja obeso, sou gordo. Tive aulas de educação física. Nunca emagreci por tê-las. Pelo contrário, fui gozado pelos colegas por ser gordo e não conseguir fazer determinadas coisas, e fui desprezado por grande parte dos professores, que se limitavam a por-me de lado e dar-me más notas porque não era bom jogador do que quer que fosse. Não foi apenas um professor, foram vários.
Depois, a obesidade não se combate com o exercício físico. Combate-se com um conjunto de medidas, a começar por ensinar a comer. E, que eu saiba, embora se fale na roda dos alimentos, não é ensinado realmente o que se deve comer. São irrelevantes as 4 horas de educação física semanais se a criança não sabe comer, se os pais não sabem ditar regras e recusar as várias idas ao McDonalds.
Não digo que não faça falta a disciplina. Mas se defendem a inclusão da dita, defendam que ela seja bem leccionada, que as notas não sejam dadas pelo "conseguir fazer" mas pelo empenho, e que as actividades complementares, como a comida nas cantinas, ou os cogumelos de fast food à volta das escolas sejam controladas, e que seja feita educação cívica como deve ser, que inclua uma sensibilização bem feita e insistente em como e o que se deve comer.
1 comentário:
Concordo totalmente mas tenho alguns pontos a assinalar:
- eu também era posta de lado pelos profs de educação física e não era por ser gorda: era mesmo porque a Educação Física sempre foi a minha pior disciplina
- um colega da turma da minha irmã, o mais gordo de todos, estava no grupo dos melhores alunos a educação física daquela turma (e provavelmente daquelas turmas todas). E isto é verdade!
- ter aulas de educação física não é a única condição para se emagrecer, obviamente, mas ajuda. Se pensassemos que só por causa de não ser condição para emagrecer, então não valeria a pena ter aulas de educação física, então também pensaríamos que uma criança com necessidades educativas especiais não aprende nada com apoio uma vez por semana e por isso mais vale não ter apoio. Claro que não vai fazer milagres, mas é sempre uma ajuda e é melhor isso do que nada.
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