Aviso inicial: foto retirada do Site do Coliseu. Ontem fui ao Coliseu do Porto. É uma vergonha, mas devo assumir que foi a minha primeira vez. Como dizia uma colega que foi comigo, podiam ter vendido a sala à IURD que, em termos arquitectónicos, não se perdia muito. No entanto, acredito que se perdesse em termos de espaços para espectáculos na cidade no Porto. E se assim é, ainda bem que continua em funcionamento.
Então, fui ao Coliseu assistir à Nona Sinfonia de Beethoven, conhecida pelo seu coral no quarto andamento, a que chamamos Hino da Alegria, e que foi adoptado para Hino da União Europeia.
O concerto era organizado pelo Instituto Politécnico do Porto, nas comemorações do seu vigésimo quinto aniversário, e em particular, pelo ESMAE, a Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo que conseguiu juntar alunos (e docentes?) numa orquestra muito bem composta (com maestro, António Saiote).
O coro era o Coro Inter-Universitário (com maestro Pedro Monteiro), e os solistas, Ana Maria Pinto, Margarida Reis, Rui Taveira e António Salgado.
Antes de continuar com a minha crítica ao espectáculo, devo dizer que a Nona Sinfonia de Beethoven é uma das minhas músicas preferidas (se não a que mais gosto). Dado isso, tenho uma gravação bastante boa, e portanto a comparação pode ser injusta: comparar o que estou habituado a ouvir, por uma orquestra profissional, com o que ouvi, por uma orquestra amadora de alunos (finalistas ou não).
Bem, o concerto começou com uma voz off a apresentar e inserir o espectáculo nas comemorações, com agradecimentos às individualidades (e outras não tão individuais), e uma explicação sobre a obra que iríamos ouvir. Ora, para além do facto de este texto ser demasiado extenso, o seu leitor (suponho que o maestro António Saiote) não tem dicção nem voz para esta tarefa. Não me parece que alguém tenha conseguido perceber o texto. Não me parece que alguém tenha conseguido manter a atenção até ao fim. Maestro, se me estás a ler, para a próxima dá o papel a alguém com melhor dicção, e contenta-te com a tarefa de reger a orquestra.
Em relação ao concerto propriamente dito, devo dizer que a orquestra (e coro), dadas as condicionantes (não profissionais, alunos, etc) conseguiram fazer um bom espectáculo. Para além de alguns ritmos e algumas passagens que me pareceram estranhas (pelo menos em comparação com o que estou habituado a ouvir), aquilo que mais me chamou à atenção foi que o percursionista, responsável pelos timbales, estava demasiado enérgico. Embora situações haja em que os timbales devem ser percutidos com bastante força, outras há em que acabaram por abafar a melodia.
Outro aspecto importante num concerto, é o público. Sem público não há concerto. Mas com público mal educado, o concerto perde qualidade. Por favor, deixem as chicletes fora da sala de espectáculo. Fui ao coliseu para ouvir música, e não para ouvir o shlap shlap da chiclete a passear na boca de alguém...