É verdade. De acordo com a sidebar cá do blog, eu devia estar a ler A Queda dos Gigantes, também de Ken Follet. Mas esse livro é tão portátil (com umas míseras 948 páginas) que optei por levar um outro numa viagem que fiz há cerca de um mês à Alemanha. E, para ser sincero, acabei por me esquecer de levar um livro, e comprei este no aeroporto. Não era caro (9 euro), é portátil (é um livro de bolso da Bertrand) e de um autor que conheço e gosto.
Durante a viagem li mais de metade, e optei por no início das férias terminar a sua leitura, para agora voltar ao A Queda dos Gigantes.
O que vos posso dizer sobre este livro: para começar, a edição da Bertrand está muito boa. Confesso que só encontrei três ou quatro gralhas, tipicamente de uma palavra (tipo um artigo) em falta. Nada de muito grave. Claro que não estive à procura das gralhas, mas costumo dar bem com elas.
Em relação à história, segue a linha habitual de Follet. Tudo começa com um conjunto de personagens díspares e, a princípio, nada relacionadas, para que de algum modo todos se cruzem nos caminhos uns dos outros. Já com outros livros, como Os Pilares da Terra ou mesmo o A Queda dos Gigantes que ainda não terminei, o processo é o mesmo. Grande parte de outros escritores (até parece que leio muito...) usa uma personagem principal que se vai cruzando com outras personagens e só nessa altura essas novas personagens são tidas em conta na história. Com Follet as coisas não funcionam dessa forma.
O Terceiro Gémeo é, essencialmente, um policial. Não temos um detetive como personagem principal, mas não deixa de ser uma história detetivesca, em que se pretende por a nu a verdade. As personagens estão bem trabalhadas e a história é, acima de tudo, plausível. Só isso já a torna (para mim) muito mais interessante. Sou fã de ficção científica, mas quando o livro é, descaradamente, de ficção científica. Não o sendo, prefiro que o autor modere a sua imaginação futurista.
Em relação à plausibilidade, e sendo eu informático, não posso deixar de dizer que alguns detalhes durante o livro demonstram que o autor não é informático (ora, eu também não sou escritor!) e que embora tenha tido três técnicos informáticos como consultores, não teve problemas em permitir que alguns detalhes fossem completamente ignorados, na esperança que poucos fossem os informáticos que lessem o livro e pudessem criticar pelas coisas não serem assim tão simples. No entanto, nada que seja completamente impossível, apenas que precise de um bocado mais de trabalho do que aquele que é referido no livro.
Também curioso em relação à informática presente neste livro, nota-se que foi escrito há, pelo menos, uns 10 anos. Digo isto sem ter visto a data do original e neste momento prefiro não o fazer, para não me toldar a escrita. Porquê? Bem, poucas são as pessoas que se lembram do que são as disquetes, e possivelmente menos ainda os que sabem como funcionavam os modem. Ah, claro, e para não referir o uso de uma extensão .lst para um ficheiro com a lista de compras, o que poderá confundir algumas pessoas que só conhecem os .jpg, .doc e pouco mais. E já que referimos software, talvez não tivesse sido má ideia sugerir a Follet que usasse expressões regulares numa sintaxe real, e não numa inventada. Afinal, para quem não sabe o que são, seria igualmente indecifrável. E para os que sabem o que são, seria uma lufada de ar fresco: um autor que não se limita a inventar, mas tem algum cuidado em estudar as fontes.
Voltando à história, e para além de plausível, é uma história ativa: poucas são as descrições e, curiosamente, as principais descrições são aquelas que habitualmente nos custa menos a ler (quer dizer, depende do ponto de vista), das interações ou comportamentos sexuais. Sim, esse é outro fator que devo realçar em relação a Ken Follet. Dos vários livros que li dele (não que tenham sido assim tantos), em nenhum faltam cenas eróticas. Acho bem, afinal o livro deve tentar relatar a realidade.