quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Executor - Lars Kepler

Não costumo começar a escrever sobre um livro sem o terminar de ler, mas estou fulo com a falta de qualidade deste livro da Porto Editora, especialmente por ser uma casa que prezo. Ainda nem as primeiras cem páginas li, e já vi de tudo. Desde chamarem "Jonas" ao personagem principal, que se chama "Joona", falta de artigos, uso de "mação do rosto" em vez de "maçãs", ou ainda "Guitar Heroe", que devia ser "Hero". Estes são apenas alguns exemplos. Será que na era da publicação digital a Porto Editora não aplica um corretor ortográfico à obra? Não apanharia todos, mas alguns teriam sido detectados. E não têm revisores? Se têm, ou o tradutor original escreveu tantos erros que os revisores se cansaram de rever, ou então são todos incompetentes e devem ser despedidos. Há por aí muita gente à procura de emprego que faria melhor serviço.

Tudo isto me deixa fulo, ainda para mais porque agora deram-lhes para não dar créditos ao tradutor. Parece que a obra caiu do céu em português. Não, não concordo com esta anonimização como forma de poupar alguns cobres nos direitos de cópia/autor, que nós, consumidores, pagamos na mesma. Basta ver o preço a que nos vendem os livros, mesmo os e-books. Patético.

Já que comecei a rabujar, deixem-me continuar. Igualmente patético são os autores que, não percebendo nada de um assunto limitam-se a inventar sem consultar alguém da área. A cena em que tentam extrair informação de um disco rígido apagado é completamente despropositada e afastada da realidade. Não que não se consigam recuperar dados. Mas não se recuperam as imagens (ecrã) apresentadas ao utilizador. Pior ainda é a referência ao Windows. Mas adiante.

Ao contrário de em "O Hipnotista", este livro é deveras violento. Partilha personagens e refere outros da obra anterior, mas a história é menos intrincada, menos interessante, mais vulgar e, como já disse, violenta. Chega ao ponto da descrição de algumas cenas que me fazem lembrar os poucos episódios de Dexter que vi.

Há um conjunto de detalhes de cenas policiais aceitáveis, mas que acabam por maçar. Afinal, não trazem qualquer valor acrescentado à história ou mesmo à obra. Chegam a parecer a tentativa desenfreada de dar detalhes para que mais tarde se possa fazer um filme fiel à obra. Alguns destes detalhes referem quais as armas e modelos utilizados que, digo eu, é pouco relevante. Pode-se argumentar que traz veracidade à história, mas depois da história da ignorância (propositada ou não) sobre o que é exequível no mundo da informática, e de outras histórias relacionadas com a identificação de uma obra a ser executada por um quarteto de cordas apenas por uma fotografia, faz com que a veracidade da história, como um todo, caia.

Embora não tão interessante e, arrisco, bem escrito como "O Hipnotista", este "O Executor" é de leitura fácil, por vezes frenética, por vezes maçadora. Mas, como um todo, é uma leitura que recomendo para quem goste de policiais e de todos os detalhes forenses relacionados. E, espero que a Porto Editora prepare nova edição com menos erros ortográficos e sintácticos, para que o leitor se enerve menos do que eu.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Cepo Equilibrado


Digamos, não nos podemos queixar de que o cepo ocupa precisamente dois lugares, ocupando tanto espaço num como noutro...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Educação Física e Obesidade Infantil

É curioso como qualquer argumento é bom para defender os seus próprios propósitos. Ora, vêm agora docentes de universidades de medicina contestar a decisão de remover ou reduzir as aulas de educação física no curriculum das crianças, atacando com obesidade infantil como razão para a sua existência.

Em primeiro lugar, e embora não seja obeso, sou gordo. Tive aulas de educação física. Nunca emagreci por tê-las. Pelo contrário, fui gozado pelos colegas por ser gordo e não conseguir fazer determinadas coisas, e fui desprezado por grande parte dos professores, que se limitavam a por-me de lado e dar-me más notas porque não era bom jogador do que quer que fosse. Não foi apenas um professor, foram vários.

Depois, a obesidade não se combate com o exercício físico. Combate-se com um conjunto de medidas, a começar por ensinar a comer. E, que eu saiba, embora se fale na roda dos alimentos, não é ensinado realmente o que se deve comer. São irrelevantes as 4 horas de educação física semanais se a criança não sabe comer, se os pais não sabem ditar regras e recusar as várias idas ao McDonalds.

Não digo que não faça falta a disciplina. Mas se defendem a inclusão da dita, defendam que ela seja bem leccionada, que as notas não sejam dadas pelo "conseguir fazer" mas pelo empenho, e que as actividades complementares, como a comida nas cantinas, ou os cogumelos de fast food à volta das escolas sejam controladas, e que seja feita educação cívica como deve ser, que inclua uma sensibilização bem feita e insistente em como e o que se deve comer.