Não costumo começar a escrever sobre um livro sem o terminar de ler, mas estou fulo com a falta de qualidade deste livro da Porto Editora, especialmente por ser uma casa que prezo. Ainda nem as primeiras cem páginas li, e já vi de tudo. Desde chamarem "Jonas" ao personagem principal, que se chama "Joona", falta de artigos, uso de "mação do rosto" em vez de "maçãs", ou ainda "Guitar Heroe", que devia ser "Hero". Estes são apenas alguns exemplos. Será que na era da publicação digital a Porto Editora não aplica um corretor ortográfico à obra? Não apanharia todos, mas alguns teriam sido detectados. E não têm revisores? Se têm, ou o tradutor original escreveu tantos erros que os revisores se cansaram de rever, ou então são todos incompetentes e devem ser despedidos. Há por aí muita gente à procura de emprego que faria melhor serviço.
Tudo isto me deixa fulo, ainda para mais porque agora deram-lhes para não dar créditos ao tradutor. Parece que a obra caiu do céu em português. Não, não concordo com esta anonimização como forma de poupar alguns cobres nos direitos de cópia/autor, que nós, consumidores, pagamos na mesma. Basta ver o preço a que nos vendem os livros, mesmo os e-books. Patético.
Já que comecei a rabujar, deixem-me continuar. Igualmente patético são os autores que, não percebendo nada de um assunto limitam-se a inventar sem consultar alguém da área. A cena em que tentam extrair informação de um disco rígido apagado é completamente despropositada e afastada da realidade. Não que não se consigam recuperar dados. Mas não se recuperam as imagens (ecrã) apresentadas ao utilizador. Pior ainda é a referência ao Windows. Mas adiante.
Ao contrário de em "O Hipnotista", este livro é deveras violento. Partilha personagens e refere outros da obra anterior, mas a história é menos intrincada, menos interessante, mais vulgar e, como já disse, violenta. Chega ao ponto da descrição de algumas cenas que me fazem lembrar os poucos episódios de Dexter que vi.
Há um conjunto de detalhes de cenas policiais aceitáveis, mas que acabam por maçar. Afinal, não trazem qualquer valor acrescentado à história ou mesmo à obra. Chegam a parecer a tentativa desenfreada de dar detalhes para que mais tarde se possa fazer um filme fiel à obra. Alguns destes detalhes referem quais as armas e modelos utilizados que, digo eu, é pouco relevante. Pode-se argumentar que traz veracidade à história, mas depois da história da ignorância (propositada ou não) sobre o que é exequível no mundo da informática, e de outras histórias relacionadas com a identificação de uma obra a ser executada por um quarteto de cordas apenas por uma fotografia, faz com que a veracidade da história, como um todo, caia.
Embora não tão interessante e, arrisco, bem escrito como "O Hipnotista", este "O Executor" é de leitura fácil, por vezes frenética, por vezes maçadora. Mas, como um todo, é uma leitura que recomendo para quem goste de policiais e de todos os detalhes forenses relacionados. E, espero que a Porto Editora prepare nova edição com menos erros ortográficos e sintácticos, para que o leitor se enerve menos do que eu.
2 comentários:
Tens de mandar uma reclamação para lá.
Bertinho, sabes que com a idade o pessoal fica resmungão?
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